O CCAC, depois de uma investigação de 6 meses, descobriu que mais de 600 pessoas requereram cartas de condução das Filipinas para procederem à sua troca por cartas de Macau. O montante envolvido é de cerca de 2 milhões e 300 mil patacas, havendo 417 suspeitos envolvidos neste caso e, de entre eles, 6 são suspeitos como autores do crime, incluindo um funcionário de apelido U do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público.
Este foi o caso mais complexo e que mais pessoas envolve que o CCAC descobriu no último ano. Na fase de investigação quase 1000 pessoas, onde se incluem os 417 suspeitos, foram alvo dessa investigação. Com o objectivo de obter mais elementos, o CCAC enviou pessoal para proceder a investigações fora de Macau e obteve a colaboração do IACM. O processo relativo ao caso tem quase 10 mil páginas.
Suspeita-se que este caso, de corrupção e de falsificação de documentos, tenha já alguns anos. Um grupo de pessoas, actuando como intermediários, venderam cartas de condução das Filipinas a quem não reunia condições para obter a carta de condução de Macau e podendo, deste modo, através da troca, vir a obtê-la. Os suspeitos receberam de 1000 a 20000 patacas por cada carta. Com a ajuda de alguém do IACM para as formalidades da troca de carta de condução de Macau com a carta das Filipinas, e com ajuda de alguns indivíduos das Filipinas, os suspeitos ajudaram os seus clientes a tratar de todas as formalidades necessárias à obtenção de cartas daquele país, garantindo assim que, quando o IACM mandasse ofícios a confirmar a veracidade das cartas apresentadas, houvesse algo no arquivo para servir de prova da sua legalidade.
Com a colaboração das Filipinas, o CCAC descobriu que quando os não filipinos pretendem requerer a carta de condução nas Filipinas têm que satisfazer algumas condições, como dominarem a língua inglesa ou tagalo, residirem há pelo menos um mês nas Filipinas, terem autorização de residência não inferior a 5 meses e serem aprovado nos exames de condução nas Filipinas.
Mas as cerca de 600 pessoas que o CCAC investigou não satisfazem essas condições. A maior parte delas nunca foi às Filipinas e não domina a língua inglesa, sendo mesmo alguns analfabetos. Parte dessas pessoas reprovaram várias vezes nas provas de condução realizadas em Macau. De entre 417 pessoas investigadas, há docentes, agentes de autoridade, motoristas do sector privado e seus congéneres dos serviços públicos.
Durante a investigação o CCAC descobriu ainda que parte dessas pessoas que conseguiram obter a carta de condução, nunca assistiram a quaisquer aulas de condução. Mais ainda, de 2001 até Junho de 2002, houve 46 acidentes de viação relacionados com esses condutores e o valor das indemnizações envolvidas foi superior a 300 mil patacas (alguns dos casos estão ainda em fase de tratamento, pelo que se desconhece o valor das indemnizações).