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Marcas Típicas de Macau

Revista Macau
Edição nº 82
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Companhia de Produtos da China
Companhia de Produtos da China

A Mok Yi Kei, a Tong Iec Pak Fa Fui, o Restaurante Solmar e a Companhia de Produtos da China completam o leque das 12 Marcas Típicas de Macau. Por se destacarem na respectiva área, as três empresas adquiriram o título atribuído pelo Governo por terem preservado o negócio ao longo de décadas

 

Texto Catarina Brites Soares | Fotos DR

 

Mok Yi Kei
Mok Yi Kei

Mercearia de Mok Yi Kei: Quem falou em sobremesas?

A Mok Yi Kei é uma das paragens obrigatórias na Rua do Cunha e mais uma das 12 Marcas Típicas de Macau. De fronte para a praça, no número 9, é das primeiras lojas da via pedonal quando se desce.

Assim que se avista o espaço de esquina, os olhos fogem para uma das especialidades por que é mais famosa: os gelados.  A serradura, a gelatina de ágar-ágar e os produtos à base do fruto durião são outros dos fortes da loja conhecida pela variedade de sobremesas.

À semelhança de muitos outros negócios, também este começou de forma modesta, com uma carrinha que vendia petiscos e sobremesas. Ninguém conhece a história ao pormenor, mas Liang Kui Zhi, que a conta à MACAU, sabe que foram os avós do actual dono, seu marido, quem lançou o negócio perto da Rua dos Clérigos, em 1938.

Começaram de forma ambulante e mais tarde conseguiram fixar-se nos recantos que outras lojas com licença lhes cediam para evitarem problemas com as autoridades. Em 1954, o casal abriu um estabelecimento próprio na Rua do Cunha, perto do actual, que é hoje uma das marcas recomendadas pelo Guia Michelin, famosa pelo gelado de durião e a gelatina ágar-ágar fabricados manualmente.

Mok Pem Kuen e Liang Kui Zhi, que há cerca de duas décadas assumiram o negócio, diversificaram a oferta e melhoraram a que havia. O casal apostou nos sumos, maior variedade de gelados e gelatina de ágar-ágar – com cerca de 10 sabores agora, e novos petiscos, como almôndegas de peixe. Os produtos feitos à base de ninho de andorinha e de durião são os mais famosos. O gelado do fruto da Malásia é feito com o “Musang King”, o melhor, garante a dona, que começou na loja como funcionária há cerca de 30 anos. Foi assim que conheceu o marido. “A minha sogra queria passar-nos a responsabilidade, mas eu disse que só aceitaria se conseguisse fazer a gelatina de ágar-ágar com sabor de coco”, recorda, ressalvando que nunca tinha feito sobremesas antes. “Nem sequer prová-las. Sempre fui muito pobre. Tinha muito medo de não conseguir.”

Mok Yi Kei
Mok Yi Kei

Mas conseguiu. Não só foi bem-sucedida na receita caseira como a melhorou. “Até então a gelatina estava dividida em duas camadas: uma parte mais líquida com o sumo e outra mais sólida, onde se concentrava a gelatina. Consegui juntá-las e que ficasse tudo com uma textura homogénea”, orgulha-se.

Não guarda segredo do feito e conta que chegou ao resultado porque percebeu que ambas as camadas tinham de estar à mesma temperatura para se poderem fundir sem que uma solidificasse antes da outra. “Fui experimentando, experimentando até que percebi que a temperatura ideal seriam 60 graus.”

O percurso, confessa, foi solitário. Os sogros mudaram-se para Hong Kong, onde já viviam as restantes filhas, e ninguém lhe ensinou. O marido também pouco sabia dos segredos da casa e só lhe restou arriscar. É por isso que hoje fala com orgulho da marca que passou a ser uma das 12 típicas de Macau. “Olho para o reconhecimento como um incentivo para nos esforçarmos ainda mais e fazermos melhor. Este selo é o resultado do caminho que fizemos. Só somos uma Marca Típica de Macau porque os clientes nos apreciam.”

As filas no exterior confirmam-no. Apesar de ser dia de semana, há alguns gulosos que se juntam para provar as sobremesas e bebidas caseiras, como os tradicionais chás chineses e chás com café. “É tudo feito à mão. Sou eu que faço tudo. Só temos uma empregada que fica ao balcão”, salienta.

Antes da pandemia e do consequente decréscimo da procura, Liang diz que dormia três a quatro horas por dia. “Estava sempre a trabalhar”, realça. Desenvolveu truques para conseguir dar conta do recado sem ajuda. “Enquanto o chá ferve, por exemplo, vou adiantando outras coisas.” Todos os dias repete a rotina para ter os produtos frescos e na quantidade suficiente. “Ainda tentei ensinar e ter mais empregados, mas demora muito até que saibam fazer de forma perfeita e tenho receio. Só fico descansada quando sou eu a cozinhar”, admite. “Mas penso como será o futuro.”

Sem descendência e face ao desinteresse da geração seguinte, confessa a preocupação com a continuidade. “Estou cada vez mais velha e cansada. Gostava de arranjar alguém que tivesse carinho por isto porque este tipo de vida só é possível assim. É muito dura, e sem amor ao negócio, não dá resultado. Implica muita dedicação.”

Para o reforçar, recorre à expressão que se popularizou nesta área e reforça: “É difícil abrir um negócio, mas ainda mais difícil é mantê-lo”. “Tem de se gostar muito”, diz. “E eu gosto. Sempre fui muito gulosa. Adoro fazer sobremesas.” 

 

Tong Iec Pak Fa Fui
Tong Iec Pak Fa Fui

Tong Iec Pak Fa FuiConservação de frutos com toque centenário

A Tong Iec Pak Fa Fui começou com o bisavô do actual gerente, em 1903, na cidade de Jiangmen. Foi na província de Guangdong que a empresa foi fundada. Vai na quarta geração. Lei Kam, um dos fundadores e o único com descendentes, transferiu a produção para Macau em 1918, por achar que seria mais fácil assegurar a exportação dos produtos por ser uma cidade portuária. “O meu bisavô achava que era mais conveniente o transporte marítimo porque no terrestre havia mais sobressaltos, que acabavam por estragar os artigos”, explica o bisneto, Lu Weiwen, herdeiro e a cara da empresa actualmente.

A fábrica foi transferida do Interior do País para a zona do Patane e a primeira loja abriu na Rua 5 de Outubro. Enquanto explica o início da empresa em Macau, Lu mostra fotos da zona e do processo de secagem ao sol dos diversos produtos, método artesanal que a empresa mantém.

Depois do bisavô, o negócio foi liderado pelo avô, pai e irmã mais velha de Lu Weiwen. “Em 2012, foi a minha vez. Sou o mais novo dos irmãos. A minha irmã esteve à frente do negócio cerca de 20 anos. Agora, compete-me a mim”, realça, com orgulho.

Abraçar o legado teve os seus desafios. O maior, diz, foi o de modernizar a empresa e a marca. “Para os meus familiares isto era um negócio de família e uma forma de ganhar a vida. Eu tive outras preocupações, como actualizar e criar uma imagem de marca, ter outro cuidado com a imagem das embalagens, ou seja, na forma nos apresentamos ao cliente”, explica. “Antes de mim, a contabilidade ainda era feita à mão. Também informatizei tudo.”

Mudou o que entendeu necessário, manteve o que percebeu ser essencial: os produtos são praticamente os mesmos, assim como a forma de produção, que continua a ser artesanal. “A oferta é praticamente idêntica: os molhos e frutos em conserva, cristalizados e secos. A única diferença é que deixámos de produzir alguns e acrescentámos outros.”

Dos molhos, destaca os vinagres de arroz e o doce. “Há um prato muito tradicional em Macau que se cozinha quando nasce um bebé e que leva gengibre, pé de porco, ovo e vinagre doce. Quase todas as famílias usam o vinagre da nossa marca para cozinhar esse prato.”

No que respeita aos frutos, Lu realça o pêssego cristalizado, uma invenção da marca e a iguaria mais famosa. “Nos anos de 1970, dizia-se que quem viesse a Macau e não provasse o pêssego da nossa marca era como se nunca tivesse vindo”, recorda, em tom de brincadeira.

A produção em Macau durou até 1993, quando a família fechou a fábrica na região e voltou ao distrito  de Xinhui, na cidade de Jiangmen onde nasceu a marca. “Com o desenvolvimento de Macau, o custo da mão-de-obra aumentou assim como as rendas, e começou a haver cada vez mais prédios altos. Deixámos de ter espaço ao sol, fundamental para o processo de secagem dos alimentos”, refere, acrescentando que ainda há artigos embalados na cidade e que o molho de ameixa também é produzido localmente.

Na região permaneceram as lojas, uma delas na Rua da Encarnação, onde se realizou esta entrevista ao mesmo tempo que entram e saem vários clientes. De um lado e do outro, há filas e estantes de baldes com frutos e os molhos. A venda a retalho foi outra das inovações da era de Lu Weiwen. Até então, a empresa era apenas fornecedora de outras marcas.

Tong Iec Pak Fa Fui
Tong Iec Pak Fa Fui

A palavra “Tong Iec” significa “benefício para todos”e “Pak Fa Fui” quer dizer “o primeiro lugar de frutas cristalizadas”. Os produtos de frutas cristalizadas e molhos da empresa continuam a ser produzidos por método ancestral com materiais naturais, que a empresa garante de alta qualidade. É no Interior do País, na região de Taiwan e em Hong Kong que estão os principais clientes. Através de Hong Kong é feita a exportação para mercados internacionais, como os Estados Unidos.

O selo Marca Típica de Macau tem ajudado, afirma o jovem-gerente. “O título é um reconhecimento da perseverança da família. É muito difícil conseguir, desde logo porque um dos critérios é antiguidade. Sermos uma Marca Típica de Macau mostra como persistimos.”

Lu acrescenta que a promoção do Governo permitiu um apoio significativo sobretudo na construção da imagem, promoção e divulgação da marca, que emprega oito funcionários em Macau e 30 no Interior do País. “A maior mudança que noto é que esse apoio fez com que a marca se tornasse mais atractiva para os clientes mais novos. Este tipo de lojas estava associado ao antigo, desactualizado. A nova imagem fez uma grande diferença”, refere, ao mesmo tempo que mostra os rótulos dos frascos e das embalagens.

Agora, Lu Weiwen acredita que será mais fácil assegurar o futuro. “Se não tivesse havido essa mudança na imagem, receio que seria muito difícil que a empresa resistisse”, admite.

Lu, de 41 anos, está pouco preocupado com a continuidade já que por enquanto ainda é dele que depende. “Nem se coloca a questão se gosto ou não. Está aqui um trabalho de quatro gerações. Continuar é um dever”, vinca.

 

Restaurante Solmar
Restaurante Solmar

Restaurante Solmaro ponto de encontro da comunidade macaense

É dos restaurantes mais conhecidos da cidade. Ficou célebre pelo menu variado com enfoque nos pratos portugueses e macaenses. Situado no coração da península de Macau, há mais de meio século que o Restaurante Solmar dá protagonismo sobretudo à gastronomia macaense. Desde 1961 que se dedica à confecção de pratos típicos da culinária, que passou a integrar a Lista de Património Cultural Imaterial de Macau em 2012. As receitas do restaurante misturam ingredientes de Portugal, Índia e África assim como os sabores da gastronomia tradicional chinesa. Intimista, com decoração vintage, é um espaço para se sentar e se comer com calma. No percurso de 60 anos, foi várias vezes premiado regional e internacionalmente.

No vídeo disponível no site dedicado às Marcas Típicas de Macau, Edith Silva, filha de um dos fundadores, explica que o restaurante surgiu pela necessidade de criar um local onde a comunidade macaense se pudesse juntar, tendo em conta que o café onde se encontrava habitualmente tinha fechado. “Depois do almoço todos gostavam de tomar café e de conversar, mas já não havia local para se encontrarem. Foi o caso do meu pai também. Sou a responsável da segunda geração do Restaurante Solmar. (…) Os accionistas eram pessoas do mundo da política e dos negócios, e sugeriram arrendar um terreno do Governo para abrir um café para nos reunirmos. Foi assim que o Solmar nasceu”, recorda.

“No início da sua actividade, o restaurante foi um local de agrupamento dos macaenses sob a forma de clube destinado apenas aos membros. Mais tarde, devido ao elevado reconhecimento dos seus pratos deliciosos, o restaurante foi aberto ao público”, acrescenta o texto que acompanha o vídeo na mesma página dedicada ao estabelecimento.

Restaurante Solmar
Restaurante Solmar

A maioria dos pratos foi criada por cozinheiros portugueses. Da carta, destacam-se receitas típicas como a galinha picante africana, galinha portuguesa, camarões picantes, pastéis de bacalhau fritos e serradura. “O cozinheiro principal melhorou o método de assar frango transmitido pelas guarnições portuguesas provenientes de África na época da Administração Portuguesa de Macau e combinou-o com o método local de cozedura, sendo o primeiro que criou um tipo de frango picante africano com mais de dez variedades de especiarias. Actualmente, em muitos restaurantes de Macau, é adoptado o método de cozedura com molho de soja para o prato de galinha africana”, aponta a marca.

Edith Silva sublinha como há outros elementos, além da comida, que tornaram possível que a marca chegasse aos dias de hoje. “No restaurante Solmar somos uma família. Num negócio tem de haver um sentimento de pertença. Só se o pessoal tiver um sentimento de pertença em relação ao restaurante e for bem tratado pelo patrão ficará no trabalho muitos anos. O restaurante transmite esse sentimento de uma família unida.”

 

Companhia de Produtos da China
Companhia de Produtos da China

Companhia de Produtos da China

É na Rua 5 de Outubro, na zona do Largo do Pagode do Bazar, que permanece a Companhia de Produtos da China. A loja fica num prédio de esquina, alto, de 10 andares com um rebordo a imitar azulejos. Nas prateleiras da loja no rés-do-chão encontram-se produtos típicos da Ásia, China e de países de língua portuguesa. Logo à entrada, sobressaem os vinhos de castas do Alentejo e do Douro, entre outras, assim como reservas. 

Os licores de ginja –  com a embalagem de copos de chocolate ao lado, como é tradição ser servida – e de Amêndoa Amarga compõem a prateleira dedicada a alguns dos artigos mais característicos de Portugal. Os recipientes em barro para cozinhar ou apresentar a comida, igualmente típicos do país luso, também estão à venda a par de outros produtos e marcas asiáticas. Os óleos e vinagres de arroz, de soja, doce, massas de diferentes formatos, os licores e bolachas tradicionais de Macau, as loiças e artesanato além da bijuteria compõem a oferta dos artigos orientais do patamar de venda a retalho. 

Os empregados circulam e fazem questão de cumprimentar ou agradecer na língua do cliente. Neste caso, ouviu-se um “olá” e um “obrigada”.

A Companhia de Produtos da China começou em 1952, na sequência da Feira de Cantão. O site sobre a marca típica, refere que várias personalidades dos sectores industrial e comercial de Macau organizaram-se porque sentiram que era o momento de aproveitar o desenvolvimento das áreas agrícola e industrial do Interior do País. Foi pela iniciativa de Ke Zhengping, Ma Man Kei, Ho Yin, Kou Chan Mou, Chan Chek San, Leong Tit Chi, entre outros, que nasceu a empresa.

Companhia de Produtos da China
Companhia de Produtos da China

Sediada em duas das artérias principais da cidade, a Companhia de Produtos da China tem diversificado a oferta ao longo dos tempos. Inicialmente a loja da Avenida Almeida Ribeiro dedicava-se à venda a retalho de artesanato, vestuário, artigos de uso diário, fazenda, vinhos famosos e alimentos enlatados do Interior da China – e foi designada de “Companhia de Produtos da China”. Já a da Rua de Cinco de Outubro era de venda a grosso de cereais, óleos e outros géneros alimentares. O estabelecimento, no edifício actual no lote 114 da rua, foi baptizado de “Companhia de Produtos e Produções Especiais da China.

Em 1993, a empresa registou-se como “Companhia de Produtos da China, S.A.R.L.”, da qual fazem parte a Companhia de Produtos da China e a Companhia de Produtos e Produções Especiais da China.

A empresa tem vindo a importar produtos do Interior do País para promovê-los, incluindo aqueles de minorias étnicas chinesas e comunidades como as indígenas de Taiwan. A par desta missão, a Companhia assumiu como objectivo divulgar também produtos das indústrias criativas e culturais de Macau, assim como os de países de língua portuguesa, indo ao encontro daquelas que têm sido prioridades na política governativa da região.

“Em 2017, a Companhia de Produtos da China introduziu os produtos provenientes de diversas áreas, designadamente em termos das minorias étnicas chinesas, comunidades indígenas de Taiwan, indústrias culturais e criativas de Macau, e países de língua portuguesa, continuando a persistir em apoio ao desenvolvimento de Macau como o núcleo de exploração”, refere a página sobre a empresa, actualmente liderada por Ma Iao Laie Kou Hoi In.


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