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Uma comunidade em constante reinvenção

Revista Macau
Edição nº 89
  • Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal (Foto: Direitos Reservados)

  • A comunidade chinesa em Portugal é hoje maior e mais diversificada (Foto: Direitos Reservados)

  • Portugal é um porto seguro para a internacionalização das empresas chinesas, diz Y Ping Chow (Foto: Direitos Reservados)

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A pandemia da COVID-19 levou a que alguns elementos da comunidade chinesa regressassem à China. Os que permanecem em Portugal vivem melhor do que antes, afirma o histórico dirigente Y Ping Chow

Texto Luciana Leitão

A comunidade chinesa tem vindo a mudar ao longo dos anos, não só quem a compõe, como também o seu estilo de vida. “A comunidade agora está obrigatoriamente a viver melhor, continua a trabalhar, mas não a trabalhar tanto [como antigamente]”, diz à Revista Macau o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow.

Olhando para a comunidade dos dias de hoje, Y Ping Chow consegue dividi-la em três grupos: um grupo de chineses mais idosos, a que se pode chamar a primeira geração (emigrados em meados do século XX); as segundas e terceiras gerações; e aqueles que se fixaram em Portugal através do programa de obtenção de residência por investimento, também conhecido como “vistos ‘gold’”. 

A Liga dos Chineses em Portugal, fundada em 1997, presta apoio de carácter social aos emigrantes chineses, para além de promover iniciativas de âmbito comercial e cultural. O objectivo da associação é proporcionar aos cidadãos chineses uma harmoniosa integração na sociedade portuguesa.

O dirigente salienta que a actual vaga de emigrantes chineses para Portugal é bastante diferente do que sucedia dantes. Se, antigamente, iam com visto de trabalho ou até mesmo para reagrupamento familiar, hoje o objectivo é a obtenção da residência por investimento. “O trabalhador que vem apenas em busca de trabalho já vem muito pouco”, refere. 

A comunidade chinesa em Portugal é hoje maior e mais diversificada (Foto: Direitos Reservados)
A comunidade chinesa em Portugal é hoje maior e mais diversificada (Foto: Direitos Reservados)

Quanto à ida de emigrantes chineses de Macau para Portugal, Y Ping Chow diz que não tem sido expressiva, apesar de não poder dizer o mesmo em relação aos residentes de Hong Kong. “Pessoas de Hong Kong têm vindo mais, nomeadamente pessoas com autorização de residência de Hong Kong, até mesmo com passaporte, vêm para Portugal para fazer o visto ‘gold’”, afirma.

Novos negócios

Nos finais da década de 1980 e início da década de 1990, os negócios chineses em Portugal centravam-se mais na restauração, uma realidade que se foi alterando entre 1998 e 2020, com o empreendedorismo a convergir para as áreas do comércio, exportação e importação, explica Y Ping Chow. 

Neste momento, a tendência é novamente de mudança. “A comunidade continua com os outros negócios, mas está mais forte na restauração, embora em restaurantes de estrutura maior, de tipo buffet”, salienta o responsável, que também lidera a Câmara de Comércio Portugal-China PME. Já quanto às tradicionais lojas de produtos chineses, dada a concorrência, as mais pequenas têm vindo a fechar, com as maiores a abrirem novos espaços nos arredores dos principais centros urbanos do país.

A pandemia da COVID-19 também levou a algumas mudanças na estrutura da comunidade chinesa residente em Portugal. Para além de algum abrandamento nos negócios, houve um grande número de cidadãos chineses que optou por regressar à China, esperando melhores dias. “Alguns têm regressado a Portugal, mas há muitos que ainda se encontram na China”, afirma o dirigente.

Além disso, devido às restrições às viagens, impostas pela pandemia, em conjunção com alterações legislativas em Portugal e maior concorrência com outros países europeus, houve uma diminuição na atribuição de vistos “gold”. Ainda assim, o investimento em imobiliário continua a ser a preferência por parte dos chineses que se fixam em Portugal através do programa de obtenção da residência.


Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal (Foto: Direitos Reservados)
Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal (Foto: Direitos Reservados)

Quem é Y Ping Chow

O líder da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, nasceu na província de Zhejiang e rumou ao norte de Portugal, à cidade do Porto, em 1962, quando tinha apenas sete anos. Viajou com os tios para se juntar ao pai, que já tinha emigrado para Portugal em 1958.

O avô foi um dos primeiros emigrantes chineses em Portugal e estava no Porto desde 1934, onde criou uma fábrica de gravatas – um dos primeiros negócios chineses naquele país europeu. Por seu turno, o pai abriu o primeiro restaurante de gastronomia chinesa do Porto e, ao longo dos anos, a família acabou por diversificar a sua actividade comercial. 

Y Ping Chow cresceu no Porto, onde estudou e veio a constituir família. Ao longo dos anos expandiu a sua actividade profissional a várias áreas comerciais, desde a restauração à importação e exportação de bens. Hoje, aos 64 anos, continua com o espírito empreendedor, procurando estreitar as relações comerciais entre a China e Portugal como líder da Câmara de Comércio Portugal-China PME. 


Portugal é um porto seguro para a internacionalização das empresas chinesas, diz Y Ping Chow  (Foto: Direitos Reservados)
Portugal é um porto seguro para a internacionalização das empresas chinesas, diz Y Ping Chow (Foto: Direitos Reservados)

Empresas chinesas procuram internacionalização em Portugal

Portugal é um país seguro, com uma economia aberta e onde é fácil viver. Estas são algumas das razões que levam as empresas chinesas a usar Portugal na sua rota de internacionalização, diz Y Ping Chow, líder da Câmara de Comércio Portugal-China PME, que olha para Macau como uma ponte entre os dois países

Texto Luciana Leitão

Os laços de cooperação e amizade entre a China e Portugal têm sido reforçados ao longo dos últimos anos, com o aumento do investimento chinês em Portugal e mais trocas comerciais entre os dois países. Mas também a comunidade chinesa em Portugal é hoje maior e mais diversificada, com raízes bem assentes no país europeu, afirma Y Ping Chow, líder da Câmara de Comércio Portugal-China PME.

“Há muitas empresas [chinesas] que querem internacionalizar-se e preferem vir para Portugal do que para outros países”, diz Y Ping Chow em entrevista à Revista Macau. Para além de estar à frente dos destinos da Câmara de Comércio Portugal-China PME, Y Ping Chow é também presidente da Liga dos Chineses em Portugal, uma associação de cariz social.

“As empresas que vêm para Portugal geralmente procuram onde se sentem melhor”, comenta o dirigente, acrescentando que vão “porque sentem que Portugal é um país seguro, com pouca criminalidade, onde é fácil viver e a partir de onde se consegue contactar com os outros países da Europa”. 

De acordo com dados do Banco de Portugal, a China é o quinto maior investidor directo estrangeiro em Portugal, com uma quota de 6,8 por cento do total do investimento directo estrangeiro.

A China afirmou recentemente a vontade de reforçar a cooperação com Portugal, identificando alguns sectores prioritários, entre eles os da inovação tecnológica, da investigação e desenvolvimento científico, da energia e das finanças.

Ainda assim, tendo em conta o actual momento que se vive a nível global devido à pandemia da COVID-19, Y Ping Chow nota que há relativamente poucos chineses a optarem por sair do país natal. “Veio pouca gente, mas a nossa perspectiva é de que podem começar a vir”, defende o responsável.

Macau, próximo destino

No que toca ao papel de Macau nas relações entre a China e Portugal, Y Ping Chow afirma que o território “está sempre no centro das expectativas de ligação entre Portugal, a China e os países lusófonos”. Por isso, diz, a Câmara de Comércio Portugal-China PME está em vias de criar um Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) em Portugal. O objectivo é levar as empresas portuguesas para Macau, aproveitando o papel que o território poderá ter na divulgação das suas actividades no Interior da China, refere Y Ping Chow. 

“Não é tão fácil às empresas portuguesas irem para Macau, porque Macau já tem tantas empresas com relações com Portugal”, afirma, acrescentando: “Os empresários portugueses podem aproveitar a relação histórica, podem aproveitar e ir com o nosso projecto, que deverá ter o apoio do IPIM [Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau]”.

Neste momento, o projecto está ainda numa fase embrionária. “Este ano foi aprovado um programa de consulta da internacionalização para as províncias de Zhejiang e de Hebei, 2022/2023, mas agora gostaríamos de criar um projecto de um ACE para Macau e para a província de Guangdong.” 

No entanto, dada a actual fase da pandemia da COVID-19, Y Ping Chow considera que esta etapa do projecto apenas deverá arrancar no próximo ano. “A pandemia deverá atrasar o processo”, reconhece. 


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