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O que a UNESCO viu em Macau

Revista Macau
Edição nº 75
  • Templo de Na Tcha

  • Leal Senado

  • Largo do Senado

  • Farol da Guia

  • Rua da Felicidade

  • Indicações da UNESCO nas ruas de Macau

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Farol da Guia
Farol da Guia

Foi há 15 anos que o Centro Histórico de Macau passou a ser património da UNESCO. Para assinalar a data, o Instituto Cultural organizou dois dias de actividades. A identidade singular da cidade, fruto do cruzamento das culturas ocidental e oriental, valeu o reconhecimento da organização internacional em Julho de 2005, tornando Macau o 31.º local do Património Mundial da China 

 

Texto Catarina Brites Soares 

 

Após a criação da Região Administrativa Especial de Macau, a 20 de Dezembro de 1999, começou a preparar-se a candidatura formal do Centro Histórico de Macau à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). O dossier foi submetido pela Administração Estatal do Património Cultural da China no princípio de 2002. No início de 2004, o Centro Histórico de Macau foi seleccionado pelo Governo Central como a única candidatura nacional que viria a ser avaliada pelo Comité do Património Mundial em Julho de 2005. 

Na proposta, o Instituto Cultural descrevia o Centro Histórico de Macau como “um retrato completo da permanência duradoura de uma colónia ocidental em território chinês”, um património com “grande variedade de estilos” e uma “perspectiva abrangente sobre as origens da antiga cidade portuária”. Além disso, referia o organismo, o Centro Histórico “inclui os primeiros exemplos de arquitectura barroca e maneirista na China”, de que são exemplos a Igreja do Seminário de São José e a fachada da Igreja de São Paulo. 

A lista inclui espaços urbanos e largos como o da Barra, do Lilau, o de Santo Agostinho, do Senado, da Sé, de São Domingos, da Companhia de Jesus e o de Camões. Além dos largos, e normalmente situados neles, foi também reconhecido o valor de mais de 20 monumentos como o Templo de A-Má, o Quartel dos Mouros, a Casa do Mandarim, a Igreja de São Lourenço, o Seminário e Igreja de São José, o Teatro D. Pedro V, a Biblioteca Sir Robert Ho Tung, a Igreja de Santo Agostinho, o Edifício do Leal Senado, o Templo de Sam Kai Vui Kun, a Santa Casa da Misericórdia, a Igreja da Sé, a Casa de Lou Kau, a Igreja de São Domingos, as Ruínas de São Paulo, o Templo de Na Tcha, o Troço das Antigas Muralhas de Defesa, a Fortaleza do Monte, a Igreja de Santo António, a Casa Garden, o Cemitério Protestante e a Fortaleza da Guia (incluindo a Capela da Guia e o Farol da Guia). 

Largo do Senado
Largo do Senado

“O Centro Histórico de Macau está directamente relacionado com os primórdios da cidade enquanto entreposto comercial e principal porta de acesso entre a China e o mundo ocidental. Neste pequeno território podem encontrar-se edifícios de tipologia ocidental, muitos dos quais foram os primeiros do género a serem construídos em solo chinês: igrejas, seminários, fortalezas, uma universidade, um hospital, um teatro, um farol e um cemitério protestante”, realça o Instituto Cultural.  

Além destes, o centro histórico integra também exemplos de arquitectura tradicional chinesa, como complexos residenciais e templos, que coexistem lado a lado com edifícios de estilo ocidental e fazem parte do mesmo espaço urbano. “Esta sequência de monumentos apresenta um leque alargado de tipologias arquitectónicas, reflectindo bem a dimensão multicultural deste porto histórico e conferindo-lhe a sua identidade única Oriente-Ocidente”, acrescenta o instituto. 

O organismo destaca ainda, na página online dedicada ao património, que “o Centro Histórico de Macau” apresenta um carácter claramente distinto, mantendo as suas potencialidades enquanto terreno fértil para a continuidade do processo de intercâmbio cultural. O Oriente e o Ocidente, vinca, aqui se encontraram e miscigenaram durante mais de 400 anos, num ambiente marcado pelo respeito e pela tolerância, criando condições únicas de intercâmbio cultural que vão desde tradições tangíveis, como por exemplo técnicas de construção distintas, até aspectos relativos ao plano intangível, que incluem práticas religiosas e costumes, e que constituem um legado cultural de valor universal excepcional. 

Leal Senado
Leal Senado

Proteger é preciso 

Em 2013, após o reconhecimento da UNESCO, entrou em vigor a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, com o intuito de proteger, divulgar e incentivar a sociedade a preservar os monumentos e locais históricos. Foi depois do Centro Histórico ser considerado património mundial que passou a existir o enquadramento e protecção de edifícios e monumentos entre as duas zonas principais da península de Macau, que incluem a Colina da Barra, a Colina do Monte e a Colina da Guia, e as zonas mais antigas da cidade, onde estão as paróquias de Santo António, da Igreja da Sé e de São Lourenço. 

A legislação foi mais tarde ajustada no sentido de concretizar um dos compromissos assumidos com a UNESCO, o de aperfeiçoar o regime jurídico para melhorar a protecção do património cultural. A lei prevê as zonas de protecção, o regime de expropriação e as indemnizações aos proprietários de bens imóveis classificados, assim como a composição do Conselho do Património Cultural, órgão de consulta do Governo ao qual cabe promover a salvaguarda do património cultural, mediante a emissão de pareceres. 

O diploma abrange todos os bens que sejam testemunhos com valor de civilização ou de cultura, e criou mecanismos legais para que sejam objecto de especial protecção e valorização. Inclui tanto o património cultural tangível – que abrange bens imóveis e móveis classificados – como o património cultural intangível. 

Templo de Na Tcha
Templo de Na Tcha

O intuito, como se refere no diploma aprovado em 2013, é promover e assegurar a preservação, o acesso ao património cultural, assim como promover a identidade cultural de Macau e das comunidades locais que lhe pertencem, promover o aumento do bem-estar social e económico e a qualidade de vida dos residentes, e finalmente defender a qualidade ambiental e paisagística.   

A lei estabelece também que, no que respeita, ao património intangível devem ser escolhidos transmissores – comunidades, grupos ou indivíduos que asseguram a salvaguarda e divulgação das manifestações inscritas.  

Por implementar continua o Plano de Salvaguarda e de Gestão do Património, “para breve”, de acordo com declarações do Instituto Cultural (IC) em Setembro e que a UNESCO aguarda desde 2015, assim como um Plano Director que inclua medidas de protecção do património existente. 

Rua da Felicidade
Rua da Felicidade

Aos olhos da UNESCO 

Na página oficial da UNESCO, Macau é descrito como um lucrativo porto de importância estratégica no desenvolvimento do comércio internacional. Refere-se que esteve sob administração portuguesa de miados do século XVI até 1999, quando ficou sob soberania chinesa. “Com os seus edifícios históricos residenciais, religiosos e públicos portugueses e chineses, o centro histórico de Macau é um testemunho único do encontro de influências estéticas, culturais, arquitectónicas e tecnológicas do Oriente e do Ocidente”, descreve o organismo que também realça a importância da fortaleza e do farol, o mais antigo da China. Macau, diz a UNESCO, é o testemunho de um dos primeiros e mais duradouros encontros entre a China e o Ocidente. 

Foram vários os critérios que a UNESCO teve em conta para considerar Macau um espaço incontornável no âmbito do património mundial. A localização estratégica de Macau no território chinês e a relação especial estabelecida entre as autoridades chinesas e portuguesas foi um deles. Na página ofical da entidade, refere-se que favoreceram um importante intercâmbio de valores humanos nos vários campos da cultura, ciências, tecnologia, arte e arquitectura ao longo de vários séculos. 

Além disso, sublinha a UNESCO, Macau presta um testemunho único do primeiro e mais duradouro encontro entre o Ocidente e a China. Entre os séculos XVI e XX, foi um ponto central para comerciantes e missionários, assim como personalidades dos mais diferentes campos do saber. “O resultado deste encontro é visível na fusão de diferentes culturas que caracterizam a zona histórica do centro de Macau”, descreve o organismo. 

Indicações da UNESCO nas ruas de Macau
Indicações da UNESCO nas ruas de Macau

“O momento da inclusão de Macau na lista de património mundial da UNESCO reveste-se de um significado profundo que não nos deve, todavia, envaidecer. O conjunto de bens culturais do território ora distinguido constitui um tesouro único e um dos símbolos do intercâmbio entre o mundo ocidental e a civilização oriental do nosso país”, afirmava Edmund Ho, então Chefe do Executivo, no dia em que Macau entrou para a lista da UNESCO. 

Na altura, o antigo líder do Governo sublinhava também que o processo de candidatura “contribuiu para uma maior sensibilização e consciencialização de toda a população sobre a importância da protecção do Património e o seu sucesso é sinónimo do trabalho e esforços conjuntos de todos os cidadãos de Macau”. 


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