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Fórum de Macau optimista sobre futuro das relações sino-lusófonas
Revista Macau
Edição nº 86
  • O novo Secretário-Geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), Ji Xianzheng (Foto: Leong Sio Po)

  • O Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi o palco principal da Reunião Extraordinária Ministerial (Foto: Cheong Kam Ka)

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O novo Secretário-Geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), Ji Xianzheng, está confiante no futuro das relações entre os dois lados. Em anos marcados pela pandemia da COVID-19, Ji Xianzheng defende que a saúde e a recuperação económica são as prioridades na agenda de trabalho do organismo

Texto Viviana Chan

Ji Xianzheng assumiu a liderança do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) no passado dia 10 de Janeiro, a um ano de o organismo celebrar o seu 20.º aniversário. À Revista Macau, o novo Secretário-Geral realça que “o comércio, a cooperação no investimento entre a China e os países de língua portuguesa obtiveram resultados significativos”, indicando que o volume das trocas comerciais entre a China e os países lusófonos atingiu o valor recorde de 200 mil milhões de dólares americanos em 2021.

Apesar das incertezas que marcam a conjuntura actual devido ao impacto da pandemia da COVID-19, Ji Xianzheng admite que o Secretariado Permanente do Fórum de Macau está confiante na capacidade de enfrentar os desafios e ajudar a aprofundar o papel de Macau enquanto plataforma.

“Devido às novas mudanças nas circunstâncias internacionais, a incerteza [sobre o futuro] aumentou. Todas as partes envolvidas na cooperação estão a mostrar cada vez mais vontade de enfrentar os desafios comuns, e o potencial para desenvolvimento ainda é enorme”, sublinha o responsável. “Portanto, a China e os países lusófonos vão aproveitar ao máximo as vantagens únicas da plataforma de Macau para consolidar a cooperação, promover a recuperação económica pós-pandemia e alcançar objectivos comuns de desenvolvimento”, acrescenta.

O novo Secretário-Geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), Ji Xianzheng (Foto: Leong Sio Po)
O novo Secretário-Geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), Ji Xianzheng (Foto: Leong Sio Po)

Antes de vir para Macau, Ji Xianzheng desempenhou funções na Secção Económica e Comercial da Embaixada da China em Portugal e assumiu sucessivamente, entre 2009 e 2018, o cargo de Conselheiro Económico e Comercial da Embaixada da China em Espanha e o mesmo cargo na Embaixada da China na Venezuela. Com vasta experiência em assuntos externos e comerciais, o secretário-geral garante que o Secretariado Permanente do Fórum de Macau continuará a trabalhar para “construir consenso” e “aproveitar ao máximo o entusiasmo de todas as partes”, de forma a “continuar a inovar nos métodos de trabalho, expandir as áreas de cooperação” e “atender melhor às necessidades de desenvolvimento de todas as partes” envolvidas no organismo. 

Tarefas prioritárias

A crise de saúde pública desencadeada pela COVID-19 teve um grande impacto no desenvolvimento económico e social da China e dos países de língua portuguesa. “Face aos desafios no contexto da pandemia, a atitude correcta passa por reforçar a cooperação e união entre todos os membros e, ao mesmo tempo, defender o multilateralismo, insistir no desenvolvimento sustentável, trabalhar juntos para promover a construção de um futuro comum para a humanidade”, salienta Ji Xianzheng.

No que diz respeito às tarefas que são prioridade para o Fórum de Macau, o secretário-geral diz que, por um lado, “é necessário promover vigorosamente a cooperação em resposta à pandemia entre a China e os países lusófonos, especialmente reforçar a cooperação com os países asiáticos e africanos de língua portuguesa, de modo a que esses países tenham acesso à vacina contra a COVID-19”. Por outro lado, acrescenta, “é preciso tomar medidas de forma activa para promover a recuperação económica” em todos os países envolvidos no organismo. 

“Todas as partes devem manter a estabilidade da cadeia de logística, promover as trocas comerciais entre o Interior da China, os países de língua portuguesa e Macau, melhorar continuamente o ambiente comercial, reforçar a cooperação industrial e apoiar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas”, refere Ji Xianzheng. 

O Secretário-Geral sublinha que a China tem participado activamente na luta contra a pandemia. “A China está sempre na linha da frente no que diz respeito à cooperação internacional em resposta à pandemia da COVID-19, insistindo que as vacinas devem ser de acesso público e defendendo a distribuição justa das vacinas.” 

“A China foi o primeiro país a comprometer-se com o objectivo de tornar as vacinas contra a COVID-19 um bem público a nível global e a apoiar a isenção de direitos de propriedade intelectual sobre as vacinas, bem como o primeiro a cooperar na produção de vacinas com países em vias de desenvolvimento”, recorda Ji Xianzheng. “O Governo da China também forneceu mais de dois mil milhões de doses de vacinas para mais de 120 países e organizações internacionais.”

Expandir horizontes

Com o objectivo de alargar o trabalho do Fórum de Macau a mais áreas de acção para além do comércio e economia, o dirigente diz que os Planos de Acção para a Cooperação Económica e Comercial assinados em edições anteriores da Conferência Ministerial do Fórum de Macau servem como “directrizes” de trabalho, enfatizando que “as relações económicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa continuam a ser desenvolvidas de forma contínua, as áreas de cooperação continuam a ser expandidas” e o conteúdo no âmbito da cooperação se tornou “mais abrangente”. 

“No primeiro Plano de Acção para a Cooperação Económica e Comercial, assinado na primeira Conferência Ministerial, eram sete as áreas abrangidas pela cooperação no âmbito do Fórum de Macau, que foram agora aumentadas para cerca de 20 no último Plano de Acção, assinado na quinta Conferência Ministerial”, salienta Ji Xianzheng. Em Abril, foi realizada uma Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum de Macau, para delinear os próximos passos do organismo (ler artigo).

O Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi o palco principal da Reunião Extraordinária Ministerial (Foto: Cheong Kam Ka)
O Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi o palco principal da Reunião Extraordinária Ministerial (Foto: Cheong Kam Ka)

De acordo com o responsável, as áreas de trabalho abrangem hoje em dia relações entre governos e entre autoridades provinciais e cidades, investimento, comércio, agricultura, silvicultura, pecuária e pesca, negócios entre empresas, formação de recursos humanos, prospecção de recursos naturais, capacidade de produção, desenvolvimento de infra-estruturas, turismo, transporte e comunicação, cultura e desporto, saúde, ciência marinha, finanças e outros campos tradicionais e emergentes. 

Apesar disso, e no contexto da pandemia, Ji Xianzheng insiste que “todas as partes estão dispostas a focar a cooperação no combate ao vírus e na recuperação económica, bem como no reforço dos intercâmbios culturais”.

Com a intenção de fortalecer o conhecimento mútuo, o Fórum de Macau irá continuar a promover diversas iniciativas culturais. A realização da 14.ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, a ser realizada no território no final deste ano, irá contar com uma série de actividades. “Serão organizadas actividades de promoção da cultura e turismo lusófono em cooperação com as embaixadas dos países de língua portuguesa na China, bem como com o Instituto Cultural de Macau, a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau, entre outros departamentos”, conta Ji Xianzheng.

“A Semana Cultural não é apenas um evento que dura uma semana, mas consiste em muitas semanas que duram até meio ano. Cada evento irá decorrer em simultâneo com workshops de diferentes tópicos para promover a herança cultural de cada país lusófono, actividades que normalmente atraem um grande número de visitantes”, acrescenta.

Novas oportunidades

A criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin abre novas oportunidades para Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e a lusofonia, destaca o líder do Secretariado Permanente do Fórum de Macau. “Em Fevereiro, o Secretariado Permanente convidou funcionários da Comissão de Gestão de Hengqin para explicar as políticas em vigor naquela região. Serão organizadas visitas a Hengqin, num futuro próximo, para que os delegados dos países de língua portuguesa no Fórum de Macau conheçam melhor aquele território”, revela. 

“Ao mesmo tempo, o Secretariado Permanente planeia organizar delegações para visitar as principais cidades da Região da Grande Baía neste ano, com o objectivo de comunicar com governos e empresas locais, assim como para realizar actividades de promoção relevantes”, diz Ji Xianzheng. Se as restrições fronteiriças forem aliviadas, acrescenta, pretende-se também “organizar visitas a outras províncias no Interior da China para promover as oportunidades na Grande Baía e em Hengqin”.

No que diz respeito à coordenação entre o Fórum de Macau e o Governo da Região Administrativa Especial de Macau no desenvolvimento de Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e os países lusófonos, Ji Xianzheng refere que o 14.º Plano Quinquenal Nacional menciona “o apoio a Macau na consolidação e reforço das suas vantagens competitivas e numa melhor integração no desenvolvimento nacional”. E acrescenta: “Macau está a participar activamente na construção da Grande Baía, abrindo um novo capítulo de cooperação global entre Guangdong e Macau em Hengqin. Macau está a usar as suas vantagens únicas, bem como a expandir o seu papel como plataforma de cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”.

Na opinião do dirigente, “a participação no desenvolvimento da Grande Baía e na construção da plataforma sino-lusófona favorece Macau em termos de integração na estratégia nacional de desenvolvimento e no esforço de diversificação da economia de Macau”. Para o universo lusófono, observa, “o desenvolvimento da Grande Baía pode dar novas oportunidades no que toca ao aprofundar das relações comerciais com a China através de Macau”.

Apoios ao investimento

Em relação ao desempenho do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa, Ji Xianzheng salienta que o Fundo de Cooperação foi uma iniciativa do Banco de Desenvolvimento da China e do Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau, sendo administrado pelo Fundo de Desenvolvimento China-África. “O fundo segue os princípios de mercado livre, tem autonomia na decisão de investimentos e assume os seus próprios riscos. Como todos os fundos comerciais, existem rigorosos padrões e requisitos para aprovação de cada projecto de investimento”, realça. 

“As dificuldades de financiamento das pequenas e médias empresas são um problema comum. O Secretariado Permanente do Fórum de Macau tem trabalhado continuamente para encontrar recursos para apoiar os projectos e, ao mesmo tempo, passar as informações ao Fundo de Cooperação, para que os projectos concebidos pelas pequenas e médias empresas sejam reconhecidos”, descreve Ji Xianzheng.  

Mas o responsável adianta que o Fundo de Cooperação, que conhece melhor o mercado e as necessidades das empresas, “está agora a analisar o pedido” para a criação de mais um fundo dedicado ao financiamento das pequenas e médias empresas. 


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